Quantos
de nós já não se viram obrigados a emigrar por causa de conseguir um trabalho,
melhores condições de vida? Acabamos os estudos e não tivemos possibilidade de
exercer as nossas qualificações no nosso país?
Pois
minha gente, esta infelizmente é a nossa triste realidade. Somos crianças e
somos obrigados a estudar até ao 12.º ano de escolaridade (tendo de escolher
qual a área vocacional no 9.º ano – sabendo que nesta idade estamos a começar a
entendermos como uma pessoa quanto mais será pensarmos no nosso futuro), isto
porque é obrigatório por lei (segundo o que sei), ou seja, mesmo que o
adolescente não tenha a mínima ideia do que quer para o seu futuro nem tenha o
conhecimento mínimo básico das possibilidades que este pode escolher.
Acabando
o 12.º ano já com muito esforço, os estudiosos prosseguem para a universidade
pensando em investir no seu futuro adquirindo estudos mais aprofundados na área
em que lhe desperta interesse. Na conclusão dessa longa etapa (seja apenas licenciatura,
mestrado, doutoramento e por aí fora) já com o “canudo” na mão os felizardos
sentem-se pessoas importantes que iram trabalhar e receber uns bons ordenados,
tendo uma boa qualidade de vida, sim, porque dedicaram muitos anos a estudar
para um dia serem alguém. Eis que chega o dia cruel. Dia em que procuram
trabalho e são-lhes fechadas todas as portas nas suas áreas por terem
demasiadas qualificações, pela sua idade, ou simplesmente por não precisarem de
pessoas. Os estudantes formados vêem-se obrigados a irem para fora do país. Mais
uma vez procuram trabalho na sua área e nada feito. Qual será a única opção que
lhes resta? Se submeterem aos trabalhinhos que aparecerem, sejam eles em que
área for (limpeza, atendimento público – coisas que “supostamente” só quem não
estudou mais fazem (pensam eles)). Sendo no nosso país ou lá fora, infelizmente
nos dias que decorrem ter estudos ou não ter já não é tido em questão como
antes. Hoje em dia o que conta é força para trabalhar e ser-se desenrascado. O
que vier à rede é peixe. Há trabalhinho? Bom! É aproveitar, arregaçar as mangas
e fazer o que nos compete para ganharmos o nosso dinheirinho e tocarmos a nossa
vida para frente. Quem fica à espera do trabalho dos seus sonhos ou que
“merece”, mais vale esperar sentado, pois pode não chegar.
Desde
que haja trabalhinho, saúde e força de vontade é arregaçar as mangas e pôr mãos
ao trabalho.
(2017)